Saúde mental de crianças e adolescentes pós-pandemia

A nova realidade causada pela pandemia agravou o quadro de saúde mental entre crianças e adolescentes. O momento exige atenção redobrada dos pais em relação aos filhos.

O Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) realizou uma pesquisa (pré-pandemia) com crianças no mundo todo, com idade entre 8 e 14 anos, sobre o significado de qualidade de vida. Elas listaram o que consideram ser “viver bem”. Nada de ter brinquedos caros, morar em casas enormes, ganhar presentes. A lista se compôs assim: que os pais gritem menos e dialoguem mais, desliguem seus celulares, os abracem mais e os coloquem menos tempo trancados nas escolas e mais tempo fazendo atividades físicas com eles.

Ainda: que as pessoas sorriam mais e que não exista mudança da casa onde moram.

Essa lista nos diz muito. Crianças sentem-se sozinhas em sua própria casa, na companhia de seus pais, seja por falta de tempo, pela correria de trabalho e por tantos outros motivos que são encontrados, como “agora não posso, estou muito ocupado!”

Quantas vezes o filho te chama pra brincar e você diz: “Tá bom, mas só uns minutinhos, porque eu preciso trabalhar, arrumar a casa, ligar pra alguém”. Como se fosse um compromisso de hora marcada, como os de agenda, com hora pra começar e acabar. Mas quantas vezes você esteve com eles, por completo? Sem celular, sem sua cabeça estar pensando no que precisa fazer ou resolver? Aquele tempo de vocês, totalmente?

No “Novo normal” é necessário refletir e, acima de tudo, colocar em prática detalhes importantes, como brincar com sua família, olhar com atenção os filhos e perceber suas necessidades, com presença e afeto.

“Viver bem” é simples. Os adultos se complicam demais.

Por outro lado, é digno de registro os exemplos positivos na relação entre pais e filhos: os esportes. E o momento pós-Olimpíadas evidencia a ligação dos esportes com a disciplina e desenvolvimento social.

Quando os pais gostam de um esporte em específico e o filho, naturalmente, é inserido naquele meio, muitos pais, acalentados pela motivação e entusiasmo, levam seus filhos desde muito pequenos para a rotina esportiva. Entusiasmados pela energia do esporte, investem incansavelmente em seus filhos, seja de ordem financeira ou emocional, apostando na criação de um futuro herói ou até mesmo na descoberta de um novo talento para a categoria.

Gostar do esporte e valorizá-lo da maneira adequada e saudável resulta em desenvolvimento pessoal, social, emocional e cognitivo, além do aprendizado de valores como autoconfiança, disciplina, comprometimento, responsabilidade.

Um sonho se concretiza por meio das atitudes de pais conscientes e parceiros, que encaram o esporte como algo sério e com responsabilidade.

Motivo para mudar é agora: pesquisas científicas indicam que, para aprender com um erro ou fracasso e evitar que ele se repita, o primeiro passo é assumir a sua responsabilidade e pensar no que poderia ter sido mudado para alterar o resultado. Para isso, os pais devem refletir sobre seus comportamentos e encorajar seus filhos para mudanças.

Por Daniela Barone, psicóloga – especialista em análise comportamental de crianças e adolescentes
RMC Comunicação Foto: Divulgação

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