“Socorro, meu filho não lê!”

O hábito da leitura, ou melhor, a falta dele, é um dos assuntos que mais afligem pais e mães de crianças em idade escolar. Preocupados, os adultos muitas vezes pressionam seus filhos ou cobram da escola alguma medida milagrosa que contamine o aluno com o “vírus leitor.” Os resultados produzidos por ambas as medidas costumam ser bastante insatisfatórios.

Mas, afinal, haveria algo de prático que os pais poderiam fazer para que seus filhos desenvolvam o gosto pela palavra escrita? Sim! Seguem algumas dicas preparadas especialmente pelo professor de Leitura Crítica do Colégio Stockler:



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Dica #1: Não critique os títulos preferidos por seus filhos.
Deixe de lado a lista de obras cobradas pelos vestibulares e lembre-se que um dos fatores que determinam a construção de qualquer hábito é justamente o quanto de prazer extrai-se daquela atividade. Em vez de criticar as preferências literárias do jovem, experimente aproximar-se do universo dele perguntando o que o atrai naquela obra ou naquele autor.

Dica #2: Não faça do acervo da sua casa um depósito de livros.
Abra mão do compromisso de montar aquela estante bonita, cheia de autores consagrados cujas obras você jurou para si mesmo que lerá algum dia mas que, muito provavelmente, ficarão lá juntando pó. Nada contra a alta literatura, aquela que nos desafia e provoca. Muito pelo contrário! Mas se a sua intenção é incentivar o hábito de leitura em seu filho, de nada adianta criar um depósito de livros que jamais serão abertos ou comentados pela família.

Dica #3: Leia mais por prazer e dê o exemplo.
Apoiados em um sem número de pretextos, das demandas do trabalho aos compromissos familiares, os adultos também deixam os livros para amanhã. Sabemos que as crianças aprendem muito pelo exemplo. Ver os pais imersos na leitura de algo que, de fato, os interessa, é essencial para que elas valorizem o contato com a palavra escrita.




Dica #4: Torne a ida à livraria ou ao sebo um passeio em família.
A visita à livraria convida a criança e o jovem a degustarem os títulos expostos. Quem nunca foi seduzido por uma capa bonita? Saborear a obra antes de comprá-la, ter que escolher entre dois livros bacanas e deixar o outro para depois (olha aí a desculpa para visitar, novamente, a livraria!), puxar conversa com outras crianças que estejam espiando a mesma estante, pedir dicas à equipe de vendedores (eles costumam ser muito bem preparados e dispostos a ajudar!) são apenas alguns dos motivos para ir com os filhos a uma livraria.

Dica #5: Incentive seu filho a compartilhar livros com os amigos.

Além de permitir a descoberta de afinidades, trocar livros leva ao desenvolvimento de inúmeras habilidades como a capacidade de expressar opiniões, de discordar com respeito e até de lidar com a frustração de o outro não se entusiasmar pela nossa indicação. Para os mais velhos, trocar livros pode render ótimos papos, além de abrir portas para a discussão de temas tão importantes quanto delicados, como amizade, sexualidade e inseguranças sobre a vida adulta.

“Em comum, todas essas estratégias tem a valorização da leitura de fruição. Sabemos que a análise teórica costuma ser o foco das aulas de Literatura na escola. Contudo, se o jovem não conseguir estabelecer um vínculo pessoal com o texto, seja ele um dos livros do Harry Potter ou Sagarana, é improvável que aquela experiência seja significativa para ele,” explica Castro. “No Colégio Stockler, por exemplo, criamos o Clube do Livro para que alunos de todas as séries do Ensino Médio pudessem ler, juntos, títulos de sua escolha. Nosso objetivo é que a análise e a discussão fiquem por conta deles e não do professor.”

Fonte: Vicente Castro, doutor em Literatura pela USP, professor de Leitura Crítica do Colégio Stockler
Foto: Divulgação

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